Animação brasileira e mercado: qual é o cenário?

As discussões sobre a animação como um lucrativo negócio estão em alta como nunca. Hoje, no jornal "Valor Econômico", foi publicada uma grande reportagem sobre o tema. Intitulada "Produzir desenho animado no Brasil não é mais aventura" (acesso para assinantes), a matéria, escrita por Moacir Drska, discorre sobre iniciativas que fortaleceram e ainda fortalecem o mercado.



Uma das razões do mercado "quente", segundo a matéria, é a bem-sucedida trajetória de apostas animadas na TV por assinatura. O pioneirismo de Peixonauta, da TV Pinguim; Princesas do Mar, da Flamma Films; Escola para Cachorro, da Mixer; e Meu Amigãozão, da 2D Lab; e dos canais pagos onde são exibidos, Discovery Kids e Nickelodeon, provou a capacidade nacional de produzir séries animadas de qualidade e competitivas em termos de audiência. Tão competitivos que alguns deles já migraram para a TV aberta. Na semana passada, o SBT anunciou a aquisição dos direitos de exibição de Peixonauta. A Globo irá exibir a série de animação do Sítio do Picapau Amarelo, produzido pela Mixer.

Mas esse sucesso não poderia ser um fenômeno isolado. Era preciso incentivá-lo e fortalecê-lo. Daí nasceram uma série de iniciativas. Uma delas, já de conhecimento de muita gente, são os mecanismos do governo para o incentivo à animação. O AnimaTV é um. No último ano, destinou quase 4 milhões para a produção de 17 pilotos de série animada. Duas, Tromba-Trem, da Copa Studio, e Carrapatos e Catapultas, da Zoom Elefante, tiveram suas temporadas completas produzidas (aqui , os dias e horários que serão exibidos na TV Brasil e na TV Cultura). 



Outro mecanismo aparece com o Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES. A segunda temporada de "Escola para Cachorros" teve 3,5 milhões de seu orçamento oriundos do banco, através do Procult, Programa BNDES para Desenvolvimento da Economia da Cultura. Segundo Drska, 15 projetos receberam 8,2 milhões do banco.

 No caso de "Escola para Cachorro",o fato da Mixer ter uma parceria de co-produção com a canadense Cité-Amerique foi visto pelo BNDES como uma segurança do potencial de vendas no mercado externo. O que nos leva à outra iniciativa listada na matéria do Valor: as parcerias fora do país. O alto custo das animações é uma das razões para a procura de co-produções internacionais. Segundo a declaração do diretor da Mixer ao Valor, é um sistema adotado em vários países, exceto aqueles onde o mercado de animação já é forte (leia-se Estados Unidos e Japão).



No caso de parcerias existem duas opções: uma é a prestação de serviços e o outro é o investimento de propriedade intelectual. O segundo caso se torna mais interessante devido ao possível ganho com outros produtos relacionados à animação. A TV Pinguim já tem uma série de produtos licenciados, adaptações para internet, livros, cinema, tablets, celulares, teatro. Também é o caso da Mixer e da Flamma Films e seus projetos. Nem preciso comentar o capital gerado pela animação da Turma da Mônica e seus outros produtos licenciados. Segundo o Valor, o licenciamento é a fonte de renda MAIS ATRATIVA do mercado de animação. Afinal, o poder de transmedia storytelling da animação, ou seja, histórias diferentes, os mesmos personagens, contadas em diversas mídias, resulta em um ciclo de vida maior em relação à outras soluções audiovisuais.

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